Retardos de 20 a 80ms - Dobra e flutter echo
Acima de 20ms, os ouvidos mantêm a sensação de direção mas ja percebem nitidamente dois sons separados.
Já não percebem os cancelamentos, pois os “dentes” do pente jã estão tão próximos que os ouvidos fazem a integração do espectro.
No
entanto,os retardos ainda são muitos pequenos para que palavras ou
mesmo sílabas sejam repetidas, portanto ainda não setem a sensação de
eco. Este fenômeno, muito apropriadamente, é chamado de dobra do som. Em
projetos acústicos, é considerado um erro sério, pois compromete a
inlegibilidade do som. No entanto pode-se usar artificialmente a dobra
como efeito sonoro, dando a impressão, por exemplo, de duas pessoas
cantando juntas. John Lennon usou bastante esse efeito, tanto com os
Beatles como em sua carreira solo. Não confunda, porém, a dobra
artificial com a dobra de gravação, quando o cantor grava mais de uma
vez a mesma voz - como Paul McCartney ou Rita Lee.
Flutter echo
Quando
estamos entre duas paredes paralelas, reflexivas e próximas, qualquer
som produzido ali será muitas vezes “rebatido” entre as duas paredes,
numa rápida e feia sucessão de dobras. Este sério defeito acústico é
denominado flutter echo. É tão que nem como efeito artificialmente é
utilizado. Para evitar o surgimento de flutter echo, é necessário que
pelo menos uma das paredes não seja reflexiva (pode ser absorvedora ou
boa difusora), ou então que as paredes não sejam paralelas nem quase
paralelas. Ou tudo isso.
Eco
Quando
o atraso ultrapassa os 80ms, já podemos claramente ouvir a repetição de
silabas e, indo mais acima, até de palavras inteiras. Este popular
fenômeno é o eco, e pode ser muito bonito na natureza - por exemplo,
entre montanhas. Usado artificialmente com moderação, também pode ser
muito agradável. Uma interessante técnica, por exemplo, é usar um tempo
de atraso sincronizado com o compasso da música, como na música Us and
Them, do Pink Floyd
O
eco repetitivo se origina da mesma forma que o flutter echo, porém
entre distâncias muito maiores. Com isto, o nível das reflexões é muito
mais baixo, e o efeito mais suave.
O
eco artificial hoje é facilmente obtido usando retardo digital. No
passado, obtinha-se o clássico “eco de fita” realimentando-se suavemente a
saída de um gravador de fita para sua entrada. Como a fita leva um
certo tempo para se mover entre a cabeça gravadora e a cabeça
reprodutora, seu sinal de saída é atrasado de uma fração de segundo,
produzindo um retardo do som. Sendo este som novamente aplicado á
entrada, ele se repete várias antes de desaparecer, criando um efeito de
eco repetitivo. Isto foi muito usado pelos locutores na “na era do
radio” e por vários guitarristas de sucesso. No Brasil, merece ser
citada a antiga gravação de O Milionário, com o conjunto Os Incríveis, em
que a guitarra-solo apresenta forte dose de eco de fita.
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