quinta-feira, 27 de junho de 2013

Isolamento Acústico


Isolamento  Condicionamento
Há décadas se confundem estas duas ciências totalmente diferentes. Embora cada uma tenha, evidentemente, influência sobre a outra, elas se propõem a efeitos bastante diferentes.
O isolamento acústico consiste em não deixar passar som de dentro para fora, nem de fora para dentro de um ambiente. Já o condicionamento acústico consiste em criar uma sonoridade agradável dentro do ambiente, controlando a reverberação e os ecos, consertando problemas modais e promovendo uma resposta de frequência adequada ao tipo de utilização.
Fica, portanto, claro que uma sala pode ser muito bem isolada do exterior e ter uma péssima acústica interna; ou então pode ter uma sonoridade maravilhosa em seu interior e sofrer com vazamento de som de para fora. É evidente que nosso objetivo é atingir as duas metas.
Neste capítulo, vamos começar a estudar o isolamento acústico, dando assim continuidade a sequência lógica do projeto: escolher o local e suas dimensões -> isolar acusticamente a(s) sala(s)-> criar a acústica interna ideal-> equipar o estúdio.

Tipos de transmissão de som:
O som é extremamente insidioso: qualquer fresta, qualquer ponto fraco,qualquer abertura mal vedada deixa passar enorme quantidade de vazamento sonora. São duas as formas de transmissão sonora:
a) Aérea: através de qualquer passagem aberta: portas e janelas mal fechadas, frestas, dutos sem vedação, visores mal selados, paredes mal rejuntadas, etc...
b) Estrutural: transmitida pela vibração de paredes, lajes e outros pisos,portas leves, vidros. Até o solo pode transmitir a vibração de veículos pesados como caminhões, ônibus e trens. Até a chuva, o vento e as ondas do mar podem produzir ruídos através do impacto contra paredes, tetos e através do solo. A transmissão de ruído estrutural pode ser modal, isto é, estrutura predial pode entrar em sintonia com alguma frequência de áudio, surgindo pontos de amplitude máxima e pontos de amplitude mínima. Isto explica casos estranhos de reclamações de vizinhos do mesmo prédio, porém distantes da fonte de ruido. Uma casa noturna no subsolo de um edifício de apartamentos pode, por exemplo, incomodar mais um morador no sétimo andar do que a outro no terceiro - basta que, ao vibrar com determinada frequência, a onda estacionária da vibração da estrutura tenha um máximo no sétimo andar, bem junto a cama do reclamante.
As ténicas de isolamento, portanto, se baseiam em cada uma dessas possibilidades de transmissão, como estudaremos agora.

Paredes duplas e triplas:
Uma parede “ideal”, sem ressonâncias que facilitem a passagem de uma frequência em especial, podem ser, para um primeiro estágio do estudo, avaliada pela lei da Massa:
TL = 20.log f . M - 47 dB
onde TL1 é a atenuação, f é a frequência (em Hz) e M é a densidade superficial da parede (em Kgm2).
EXEMPLO: Quando isola teoricamente, a 50Hz, uma parede de 10cm de alvenaria.
RESPOSTA: A alvenaria pesa cerca de 2400Kgm3, portanto com espessura de 10cm a densidade superficial será de 240Kgm2.
Então, a atenuação será: TL = 20.log(50 x240) - 47 dB = 35 dB
Se duplicarmos a espessura dessa parede, qual será a nova atenuação.
TL = 20.log (50. 480) - 47 dB = 41 dB
Em termos práticos, gastamos o dobro do material, ficamos com uma parede super espessa, e só melhoramos 6 dB.
Haveria algum meio de melhorar esta situação, certamente que sim. Se a primeira parede atenua 35dB, e do seu lado de lá temos um ruido de 80dB, então do




Lado de cá teremos 80 - 35 = 45dB. Se tivermos um razoável espaço e depois outra parede de 35dB para o som atravessar, então do lado de cá desta segunda parede teremos 45 - 35 = 10dB .Ou seja, com a parede grossa, as atenuações se somaram, resultando num aumento de 6dB. Com as duas paredes separadas as atenuações se multiplicam, resultando na soma dos dB - ou seja, um total de 70dB de atenuações. Egastou-se o mesmo material.
Na realidade, não se acha a resultados tão espetaculares. As paredes, por óbvios prblemas de espaço, não podem ficar tão separadas como seria o ideal (metros). Ficando mais juntas, conseguem se acoplar, fracamente, através do ar existente entre elas, de modo que não se atinge aquela fenomenal atenuação calculada a cima. Uma separação de 20cm produz atenuações enormes, mas nem sempre - ou quase nunca - se pode gastar esse espaço. Então, na pratica, distâncias na casa dos 10cm funcionam bem, muito melhor que uma parede grossa. Paredes com este tipo de construção excedem facilmente 50dB de atenuação nos graves.
O nível de som dentro de um espaço sujeito a vazamento depende diretamente do tempo de reverberação desse espaço. Suponhamos que este ambiente reverberante seja o espaço entre as duas paredes que formam a parede dupla. Se reduzimos a reverberação entre as duas paredes, o nível entre elas será proporcionalmente mais baixo, e assim o som que atravessa a segunda parede será, também, mais baixo.
Então, ao construir uma parede dupla, é importante colocar, entre as duas paredes, material fonoabsorvente. Este material poderá ser constituído por sobras de lã de rocha, que não apodrecem com o tempo e podem ser compradas, a baixo custo, de firmas que trabalham com esses materiais. Não é preciso nem é recomendável comprimir o material entre as paredes: ele poderá ser colocado bem frouxo, ocupando o máximo do espaço, ou colocado a uma das paredes para se manter distribuido mais ou menos por igual em toda a ára da parede.
Esta ténica, denominada massa - mola - massa, permite obter excelente atenuações em paredes relativamente leves.
Esta ténica pode se repetir, criando paredes triplas ou ainda maiores, com desempenho extremamente bom, embora a custo de mais espaço.
A tabela a seguir relaciona a atenuação média de alguns tipos de divisórias comumente usadas:

Isolar é preciso:
Para se atingir graus de isolamento, não basta ter paredes e pisos grossos e múltiplos. É essencial, também, não permitir que a vibração de uma folha não passe para a outra. Se as folhas têm contato mecânico, o desempenho do conjunto, principalmente na região da baixas frequências, é seriamente comprometido. E isto não acaba no projeto: durante as obras é preciso ter muito cuidado para que objetos não caiam entre paredes duplas, ou mesmo que massa de cimento ou gesso não se acumule entre elas, formando ao secar um elo sólido de acoplamento para vibrações.
Várias técnicas podem ser utilizadas para manter paredes, pisos e tetos devidamente desacoplados. O método escolhido para manter paredes, pisos e tetos devidamente desacoplados. O método escolhido vai depender da necessidade de isolação, do custo benefício e da disponibilidade de espaço.
Box - in - a - box:
Este é o mais perfeito método de isolamento acústico. Como o nome diz, consiste em criar, dentro do espaço destinado a sala acústica, uma “caixa” totalmente flutuante e acusticamente isolada do prédio principal.

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